sábado, 5 de fevereiro de 2011

O Caso da Jaboticabeira



Era um dia feio, nublado, tipicamente de inverno lageano e com aquela chuvinha caindo de mansinho. Queria algo que marcasse a nossa volta, que findasse o retorno do nosso namoro. Peguei o carro e depois de algumas voltas passei numa floricultura. Comprei um bonsai, uma Jaboticabeira. Escolhi-a dentre outras porque foi à única planta diferente que estava ali, parece que estava à espera de mim. Comprei-a porque aqui em Lages é muito frio, requer muito cuidado, a jaboticabeira é de clima quente e aqui é frio. Assim como os relacionamentos, tem que cuidar bem, se não morre. Fui correndo pra entregar a minha surpresa. Ela não espera ganhar um presente, muito menos um bonsai, uma planta, qualquer coisa. Eu e o bonsai, cheios de esperança, de alegria, sem medo de sermos rejeitados. Cheguei a casa dela, com um sorriso largo, de orelha a orelha, felicidade contagiante, naquele momento nada poderia estragar. Abri a porta, fui entrando assim porque já faz alguns anos que freqüento a casa. Fui até seu quarto e:
- Oi amor!
- Oi meu amorzinho!
- Trouxe um presente pra você! Um bonsai, uma Jaboticabeira.
                Talvez eu nunca tenha visto seu rosto daquele jeito. Uma feição que já mais me esquecerei. Volúpias de seus lábios de pitangas que ao se moverem exerceram à mais linda face do ser humano, o sorriso.  Linda, simplesmente linda. Um sorriso contagioso, alegria que qualquer criança jamais teria.
- Obrigado meu amor. Vou cuidar com muito carinho.
- ... este bonsai é pra representar o nosso retorno, uma nova fase em nossa vida. Cuide bem da Jaboticabeira como se estivesse cuidando do nosso amor. Cada vez que você estiver regando-a, vai estar regando nosso amor também.
Já tinha visto ela chorar, sempre em momentos de tristezas e de alegrias algumas vezes. E aquelas lágrimas que escorriam em seu rosto eram de uma felicidade, uma alegria imensa. Nos abraçamos e choramos. Choramos juntos como se fossemos um, como se um não vivesse sem o outro, como o sol não vive sem a lua, como o mar não vive sem a areia.
E neste dia fizemos uma pacto. Nunca mais vamos nos separar, nunca mais...

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