terça-feira, 20 de setembro de 2011

Aos 20 de Setembro de 1838

Neste 20 de setembro dia da Revolução Farroupilha, deixo minha contribuição:



Alma de Estância e Querência
Luiz Marenco


Da gadaria faz silhueta a madrugada
Das quatro quadras da invernada do branquilho
Rodeio grande, saltou cedo a peonada
Levando a lua na cabeça do lombilho

A mim me toca repontar o fundo do campo
Na hora santa em que a manhã tira o seu véu
Levo na testa do gateado a última estrela
Que aquerenciada não quis mais voltar pra o céu

E o meu cavalo que "le gusta" ouvir um silvido
Olha comprido e põe tenência nas orelhas
Enxergo o gado e o assobio sai tão sentido
Que acende o sol num gravatá crista vermelha

O boi compreende o chamado da melodia
E a gadaria pisoteia um Santa Fé
Chegam no passo da restinga, e uma traíra
Atira um bote à flor azul de um aguapé

Olhando a ponta que encordoa pra o rodeio
Cresce o anseio de viver nestas lonjuras
Bárbara é a lida no lombo dos arreios
E alma de campo é a rendição destas planuras

Já me disseram que se acabam as invernadas
Que retalhadas marcam o fim dessa existência
Mas trago a essência e a constância de um olho d'água
E a alma penduada com sementes de querência





Milonga Abaixo de Mau Tempo
José Cláudio Machado



Coisa esquisita a gadaria toda
Penando a dor do mango com o focinho n'água
O campo alagado nos obriga à reza
No ofício de quem leva pra enlutar as mágoas

Olhar triste do gado atravessando o rio
A baba dos cansados afogando a volta
A manha de quem berra no capão do mato
E o brabo de quem cerca repontando a tropa

Agarra amigo o laço enquanto o boi tá vivo
A enchente anda danada molestando o pasto
A passo que descampa a pampa dos mil réis

E a bóia que se come retrucando o tempo
Aparta no rodeio a solidão local
Pealando mal e mal o que a razão quiser

Amada me deu saudade
Me fala que a égua tá prenha que o porco tá gordo
Que o baio anda solto que toda cuscada lá em casa comeu

Coisa mais sem sorte esta peste medonha
Curando os mais bichados deu febre no gado
Não fosse a chuvarada se metendo a besta
Traria mil cabeças com a bênção do pago

Dei falta da santinha limpando os pesuelos
E do terço de tento nas prece sinuelas
Logo em seguidinha é semana santa
Vou cego pra barranca e só depois vou vê-la






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