quarta-feira, 8 de agosto de 2012

O Bigode de “El Matador”



Bigode é uma junção de pelos em cima dos lábios, característico, principalmente de homens, mas também há mulheres que o possui. Por vezes já foi motivo de caracterização de culturas, isso ocorreu na Idade Média com os povos Germânicos e Bárbaros. Aqui no ocidente o bigode caiu em desuso no início século XX.
Mas não foi o que aconteceu com Tânea Boquerão. Já era noiva de Evaldo havia uns 3 anos, mas quando conheceu “El Matador”, um jogador de futebol do Leão da Serra, o campeão estadual de 1962, o Internacional de Lages.
Tânea Boquerão não perdia um jogo se quer do “Leão da Serra”, mesmo quando jogava fora de Lages, lá estava ao pé do ouvido, um rádio pequeno comprado no camelô. Assim nunca perdia um jogo. Gostava de ouvir a voz de “El Matador” nas entrevistas no intervalo e ao fim dos jogos. Ouvira porque achava a voz “muy caliente”, a final, “El Matador” era um atacante argentino que vinha do Estudiantes de La Plata, time rival do Boca Juniors e River Plate.
Sua voz tinha um timbre grave, um pouco rouca e Tânea Boquerão dizia que a voz percorria o ouvido e descia até as áreas mais côncavas de seu corpo.
A maioria dos jogadores argentinos adora ter cabelo sobre os ombros, mas “El Matador” usava o cabelo curto, à moda Maradona nos anos 80. E o que mais ela amava nele era seu bigode, grosso, serrado, preto. Isso a deixava louca, além do mais, seu noivo não possuía bigode.
No final do jogo entre internacional de Lages e Avaí, Tânea Boquerão desce as arquibancadas do estádio municipal Vidal Ramos Junior e no meio da multidão agitada com três gols de “El Matador”, sendo um de bicicleta, Tânea Boquerão atira sua calcinha preta com lacinhos vermelhos em cima de “El Matador”, que a olha assustado e diz:
- Que isso!? Falando em um “portunhol” ruim.
- Olhe na frente, tem meu telefone. Me liga!
E quando tenta olhá-la novamente já não a encontra mais. Além do telefone, a calcinha toda perfumada tinha beijos dedicados para “El Matador”, que entra para o vestiário ao som da torcida fanática do Leão da Serra, sacudindo as arquibancadas aos gritos de – Uh, “El Matador”, Uh, “El Matador”...

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