Por Guilherme Moura
Sandrinha
é o tipo de pessoa que tem opinião, sempre com argumentos interessantes. É uma
mulher para se conversar e esquecer do resto.
É admirada em seu trabalho pela
inteligência e competência. Motivo – sua timidez. Bem verdade que se não fosse
tão tímida, seria lembrada por outra característica.
Quando casada com Paulo Sérgio, o
ciumento não a deixava interagir com os colegas do escritório, principalmente com
homens.
A sua energia foi toda voltada para
o serviço e mesmo quando se separou, não conseguiu envolver-se em outra
atividade que não o trabalho.
Ao entrar naquele ônibus, sua vida
mudou. Mudou também a Sandrinha, ou melhor, renasceu a Sandrinha.
Uma mão passeando pelo seu belo
corpo já era interessante, imagine duas.
A segunda mão apareceu em sua
cintura. Desta vez pareceu mais suave, sem muita força, apenas jeito.
Com o andar, o ônibus os jogava de
um lado para outro e, essa outra mão a ajudava no equilíbrio. Mas será que é
dele está mão? É uma mão de ajuda ou o que!? – pensou Sandrinha.
Na verdade essa outra mão estava
atrapalhando, não fazia sentido. Uma estava bom de mais.
Atrapalhada, Sandrinha não conseguia
identificar essa “outra mão”. Não queria olhar, sentira medo.
Será que esse maluco vai me assaltar
agora. Não vou me mexer – pensara.
A “segunda” mão agarrada em sua
cintura, a outra, na sua bunda arrogantemente empinada, estava firme também.
Porém, sentiu-se puxada para trás.
E agora grito ou espero o que ele
vai fazer. Vou ser assaltada, Paulo Sérgio sempre me disse pra carregar spray
de pimenta na bolsa. – pensou Sandrinha.
Naquele ônibus lotado, espremidos,
esmagados, além de um calor insuportável, sentiu a presença dele. Foi sentindo
um calor humano adentrando por suas costas.
Seu corpo foi ficando mais próximo
ao dele. Não sabia se tinha tesão ou pavor.
Mais um sinal na avenida, mais uma
parada. E quando uma das mãos ergueu seu cabelo preto comprido e puxou sua
cabeça para trás num movimento rápido.
Uma voz grossa percorreu-lhe o
interior mais profundo de seu cérebro, ecoou pelas entranhas do hipotálamo com
a seguinte frase...
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