sábado, 10 de novembro de 2012

Capítulo 4 - A Mão Misteriosa no ônibus


Por Guilherme Moura






Seu ex-marido não se interessava por seus gostos à moda Emmanuelle. Era um indivíduo mais restrito, encabulado e nervoso na hora de marcar o gol. Nesse quesito, Sandrinha não tinha vergonha, tinha desejos!
            Se pedisse a Paulo Sérgio um “tapinha”, não o ganhava por que isso era agressão, pedia então um “puxão” no cabelo, também não o ganhava. E Sandrinha sempre sonhara em sentir a tão falada “pegada”.
            Disse certa vez o grandioso boêmio escritor Nelson Rodrigues – “Nem toda mulher gosta de apanhar. Só as normais”.
            Sandrinha na definição de Nelson Rodrigues era uma mulher normal, sentia a necessidade de ganhar uns tapas. E pensava - aonde conseguir nessa sociedade invertida, onde homens, que mais se parecem com crianças – jogando videogames e pedindo pra mamãe esquentar o leite no microondas – estes tais homens que ainda passam creminhos “Não me dê espinhas” pra dormir.
            Eu quero um macho, que tenha pegada, que me fale palavrões ao pé do ouvido. Eu quero um homem xucro, bruto e sistemático, que bebe cachaça em copo de requeijão e que não saiba porra nenhuma de “modinha”!!!
            Ao sentir-se puxada, Sandrinha teve por alguns segundos, pensamentos profanos. Gostou de ser puxada. Sentira que o indivíduo era maior que ela. Escutava a sua respiração um pouco ofegante.
            Inclinou a cabeça um pouco para esquerda – não sei por que temos a tendência pelo o lado esquerdo. Um bafo quente envolveu sua orelha. Novamente arrepios percorreram seu corpo e pelinhos levantaram. Pelinhos levantaram nas partes mais côncavos de seu corpo.
            A voz grossa ecoou pelos labirintos da sua orelha com a seguinte frase: - Eu te quero! Não importa onde...simplesmente te desejo!
            Sandrinha acostumada a ouvir palavras mais polidas de Paulo Sérgio, não sabia o que fazer.  Paralisada pensou: - corro, desço aqui mesmo no sinal, grito ou me entrego.
            Um nó na sua cabeça, seu cérebro não conseguia distinguir realidade e ficção, tesão e medo, desejo e pavor...
            Novamente suas pernas balançaram, sua odorese aumentou, começou a ficar tonta. Seus olhos semiabertos não sabiam pra onde olhar, não sabiam o que olhar.
            Quando estava prestes a cair, balançando mais que o Rock Balboa contra o lutador russo no filme Rock IV, a “segunda mão” a puxou.
            Caíra no colo de um desconhecido.

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