Por Guilherme Moura
Seu ex-marido não se interessava por seus gostos à moda
Emmanuelle. Era um indivíduo mais restrito, encabulado e nervoso na hora de
marcar o gol. Nesse quesito, Sandrinha não tinha vergonha, tinha desejos!
Se pedisse
a Paulo Sérgio um “tapinha”, não o ganhava por que isso era agressão, pedia
então um “puxão” no cabelo, também não o ganhava. E Sandrinha sempre sonhara em
sentir a tão falada “pegada”.
Disse
certa vez o grandioso boêmio escritor Nelson Rodrigues – “Nem toda mulher gosta
de apanhar. Só as normais”.
Sandrinha
na definição de Nelson Rodrigues era uma mulher normal, sentia a necessidade de
ganhar uns tapas. E pensava - aonde conseguir nessa sociedade invertida, onde
homens, que mais se parecem com crianças – jogando videogames e pedindo pra
mamãe esquentar o leite no microondas – estes tais homens que ainda passam
creminhos “Não me dê espinhas” pra dormir.
Eu quero
um macho, que tenha pegada, que me fale palavrões ao pé do ouvido. Eu quero um
homem xucro, bruto e sistemático, que bebe cachaça em copo de requeijão e que não
saiba porra nenhuma de “modinha”!!!
Ao
sentir-se puxada, Sandrinha teve por alguns segundos, pensamentos profanos. Gostou
de ser puxada. Sentira que o indivíduo era maior que ela. Escutava a sua
respiração um pouco ofegante.
Inclinou
a cabeça um pouco para esquerda – não sei por que temos a tendência pelo o lado
esquerdo. Um bafo quente envolveu sua orelha. Novamente arrepios percorreram
seu corpo e pelinhos levantaram. Pelinhos levantaram nas partes mais côncavos
de seu corpo.
A voz
grossa ecoou pelos labirintos da sua orelha com a seguinte frase: - Eu te
quero! Não importa onde...simplesmente te desejo!
Sandrinha
acostumada a ouvir palavras mais polidas de Paulo Sérgio, não sabia o que
fazer. Paralisada pensou: - corro, desço
aqui mesmo no sinal, grito ou me entrego.
Um nó na
sua cabeça, seu cérebro não conseguia distinguir realidade e ficção, tesão e
medo, desejo e pavor...
Novamente
suas pernas balançaram, sua odorese aumentou, começou a ficar tonta. Seus olhos
semiabertos não sabiam pra onde olhar, não sabiam o que olhar.
Quando
estava prestes a cair, balançando mais que o Rock Balboa contra o lutador russo
no filme Rock IV, a “segunda mão” a puxou.
Caíra no
colo de um desconhecido.
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